Heleno de Freitas, Polêmico e Louco

13 de dezembro de 2023


Heleno de Freitas, nascido em 12 de fevereiro de 1920, na cidade de São João Nepomuceno, Minas Gerais, foi um ícone do futebol brasileiro que desafiou os limites da sociedade em que vivia. Sua presença impactante e charmosa quebrou tabus em uma alta sociedade onde se destacava como um galã cobiçado por muitas mulheres, levando-as aos estádios para acompanhar seus jogos. Sua chegada aos bares luxuosos era marcada por cumprimentos calorosos, sendo chamado respeitosamente de “Doutor Freitas”, em virtude de sua formação em advocacia, assim como seu irmão Heraldo, cinco anos mais velho. No entanto, ambos não exerceram a profissão por recusarem a correr o risco de injustiçar inocentes com a lei.

Originário das partidas informais com amigos, Heleno ganhou destaque no Botafogo, onde demonstrou habilidade excepcional, marcando gols e dedicando-se de maneira incomum para um jogador de sua época. Sua exigência era notória, não perdoando imprecisões nos passes.

Porém, sua vida intensa e promíscua trouxe consigo a sífilis, uma grave doença venérea naquela época incurável, que não apenas afetava o corpo, mas também a mente, levando à loucura. Heleno viveu seus últimos dias em um estado de esquecimento e abandono, confinado em um hospício, um triste desfecho para um homem que foi chamado de “Gilda” e foi um dos maiores craques, o primeiro jogador-problema da história do futebol brasileiro.

Além de sua carreira no Botafogo, Heleno também foi artilheiro da seleção brasileira, marcando 15 gols, e lamentou profundamente não ter tido a oportunidade de disputar uma Copa do Mundo, sendo a Segunda Guerra Mundial a culpada pelo cancelamento dos torneios de 1942 e 1946.

Em 1950, sua última chance de participar de uma Copa, já demonstrando sintomas de demência, foi prejudicada quando apontou uma arma para o técnico Flávio Costa, resultando em sua exclusão. Sua estreia com a camisa do América-RJ, no Maracanã, em 1951, foi marcada por um momento triste e desconcertante, onde o craque permaneceu imóvel, olhando para as arquibancadas, completamente perturbado.

Além do Botafogo, Heleno teve passagens por outros clubes, como o Vasco em 1949, o Boca Juniors na Argentina em 1951, o Atlético Barranquilla em 1951 e 52, e o Santos em 1953. Seu legado no futebol brasileiro vai além das conquistas nos gramados, sendo lembrado também por sua personalidade extravagante e as dificuldades enfrentadas durante e após sua carreira esportiva.


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