Biriba, O Mascote Campeão
28 de outubro de 2023
No longínquo ano de 1948, durante o emocionante Campeonato Carioca, o Botafogo encontrava-se em uma situação desesperadora. Desprovido de sorte e desalentado, o clube estava à beira de um colapso iminente. No entanto, como se um toque mágico de destino estivesse prestes a mudar o curso da história, surgiu um improvável herói em forma de um pequeno cachorrinho de nome Biriba. A lenda começou a ganhar forma em um dia memorável, quando o Botafogo enfrentou o Madureira e alcançou uma impressionante vitória por um esmagador placar de 10 a 2.
O pequeno Biriba entrou no campo com uma energia contagiante, galopando de um lado para o outro como se estivesse comemorando a própria glória alvinegra. O presidente supersticioso do clube, o renomado Carlito Rocha, não demorou a reconhecer o impacto notável do cãozinho no desempenho do time. Determinado a manter a boa fortuna ao seu lado, Carlito passou a levar Biriba para todas as partidas do Botafogo naquele ano.
A fé incondicional no poder do mascote provou-se justificada, já que o Botafogo emergiu triunfante vencendo 17 jogos e empatou outros dois, quebrando um jejum de 13 longos anos ao conquistar o título cobiçado. A ascensão meteórica do clube foi imbuída de um sentimento místico, com muitos acreditando que a presença de Biriba tinha uma influência sobrenatural nos resultados das partidas.
Após a gloriosa vitória no campeonato, o Botafogo foi honrosamente convidado a participar de um amistoso no lendário Estádio do Pacaembu, em São Paulo, contra o São Paulo. Os termos do contrato eram promissores, porém os exigentes são-paulinos impuseram uma condição peculiar: Biriba teria que acompanhar a equipe. Em um incidente curioso durante o embarque, Carlito Rocha recusou-se a permitir que o mascote fosse acomodado em um compartimento especial e, em uma solução inusitada, decidiu que o Biriba viajaria como um passageiro convencional, adquirindo uma passagem para si.
A viagem não foi isenta de percalços, já que o presidente, querendo economizar custos, tomou uma decisão inesperada ao substituir o meio-campista Baduca pelo adorado cãozinho. A mala de Baduca foi retirada do avião, e o cartão de embarque foi gentilmente repassado para Biriba. A situação pitoresca só serviu para reforçar a lenda em torno do cachorro de sorte, que agora era considerado uma parte indispensável da jornada do Botafogo.
Um dos momentos mais emblemáticos que enfatizou a importância de Biriba ocorreu durante um confronto tenso contra o Vasco, em São Januário. Os torcedores do Vasco inicialmente resistiram à entrada de Biriba no estádio, mas o intrépido presidente Carlito Rocha insistiu e adentrou o recinto com o fiel animal aninhado em seu colo, desafiando todas as expectativas e superstição.
Para Carlito Rocha, Biriba transcendia a mera presença física, representando uma entidade mística que guiava e impulsionava o time em direção à vitória. A devoção era tanta que o presidente pessoalmente ordenava ao roupeiro do Botafogo, Aluísio, que provasse a comida do cãozinho antes de alimentá-lo. Perante qualquer hesitação, Carlito respondia com uma autoridade inabalável, insistindo que era necessário garantir que nenhuma ameaça envenenada prejudicasse seu amado mascote.
O destino de Biriba, embora repleto de glória e triunfo, eventualmente chegou ao seu fim em 1958. Aos 12 anos de idade, o amado mascote botafoguense sucumbiu a problemas de saúde, enfrentando cegueira quase total e complicações cardíacas. Sua passagem deixou saudades no coração de todos os aficionados do clube, e sua fama como o cãozinha da boa fortuna continuou a ecoar através dos anais da história do Botafogo e do futebol brasileiro.
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