Luiz Fernando Evaristo

Rebolo, filho de imigrantes espanhóis que desembarcaram no Brasil no final do século XIX, obteve êxito não apenas como jogador de futebol, mas também como pintor, tornando-se um dos mais renomados paisagistas da arte nacional. Sua vida foi caracterizada pela intensidade de duas trajetórias distintas, ambas permeadas pela paixão pelo esporte e pela expressão artística.

Seu envolvimento com as tintas e pincéis teve início em 1915, quando ingressou como aprendiz de decorador. Esse foi o ponto de partida para sua jornada artística, onde realizou decorações em diversas residências e detalhes ornamentais nas igrejas de Santa Ifigênia e Santa Cecília, na cidade de São Paulo. Ainda que tenha alcançado reconhecimento como um mestre na representação de paisagens, sua obra vai muito além, com um acervo estimado em mais de 3.000 pinturas, centenas de desenhos e um conjunto diversificado de 50 gravuras, abrangendo variadas técnicas. Além das paisagens, Rebolo explorou em sua arte um belíssimo conjunto de retratos, figuras humanas, naturezas-mortas e flores. Além da pintura, Rebolo foi um dos idealizadores do movimento para a criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o renomado MAM.

No universo esportivo, Rebolo também deixou sua marca. Ele atuou como jogador de futebol, tendo passado por times como São Bento, Corinthians e Ypiranga. Porém, o que talvez seja um dos fatos mais fascinantes de sua história é sua autoria do escudo do Corinthians. Nesse emblema, ele incorporou elementos como os remos, a âncora e o timão, dando origem ao apelido do time, além de criar um símbolo que se tornou um ícone para os torcedores e parte integrante da identidade do clube.

Sua vida foi interrompida de forma abrupta e inesperada. Rebolo faleceu em 10 de julho de 1980, vítima de um enfarto fulminante, em sua residência no bairro do Morumbi, na cidade de São Paulo. Sua partida representou uma perda irreparável para o mundo da arte e do esporte, mas suas obras continuam a influenciar e inspirar gerações.