O Bigode sem Bigode

26 de novembro de 2023


Bigode, cujo verdadeiro nome era João Ferreira, personificava o típico mineiro reservado e avesso a alvoroço. Sua postura tranquila contrastava com sua impressionante habilidade no futebol, um lateral esquerdo que surpreendeu ao ser instruído pelo técnico, em certa ocasião, a avançar e contribuir no ataque, algo pouco comum para sua posição na época. Surpreendentemente, ele marcou dois gols nesse jogo do Atlético Mineiro, um feito que o levou ao reconhecimento imediato.

Na noite seguinte foi ao cinema, onde notou que as pessoas se levantavam à sua passagem e, em breve, todos aplaudiam entusiasticamente sua incrível performance. O apelido “Bigode” foi originado no bairro em que morava, a partir de uma provocação a um morador conhecido como “Bigodinho de Arame”. No entanto, após um confronto físico com o irritado Bigodinho, o apelido foi transferido para João Ferreira.

No coração da torcida do Galo Mineiro, ele se tornou um ídolo inquestionável. Tanto que, quando foi transferido para o Fluminense em 1943, tal movimento resultou na imediata demissão de toda a diretoria do Atlético. No Rio de Janeiro, investiu em imóveis e cursou Radiotécnica, além de abrir sua própria loja no centro da cidade, a renomada “Loja do Bigode”, especializada em consertos de aparelhos eletrônicos.

Seu início humilde foi como “operador de soquete”, trabalhando duro e incansavelmente socando pedras no chão até receber a oferta para jogar no Atlético Mineiro por 250 mil réis mensais. Em 1944, alcançou sua primeira convocação para a Seleção Brasileira, permanecendo na lista de convocações até 1952. Contudo, sua maior decepção foi a derrota na final da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai, um momento triste que marcou sua trajetória.

Além de seu tempo no Atlético Mineiro e Fluminense, Bigode jogou também pelo Flamengo em 1951 e 1952, mas posteriormente retornou ao Fluminense, onde encerrou sua notável carreira em 1956. Suas conquistas foram diversas: pelo Atlético Mineiro, foi campeão mineiro em 1941 e 1942; já pelo Fluminense, conquistou o título carioca em 1946 e a Copa Rio em 1952. Representando a Seleção Brasileira, foi campeão Sul-Americano em 1949, venceu a Taça Oswaldo Cruz e a Copa Rio Branco, ambas em 1950.

Infelizmente, Bigode faleceu em 31 de julho de 2003, vítima de pneumonia crônica, deixando para trás uma história repleta de glórias e contribuições significativas para o futebol brasileiro.


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