Luiz Fernando Evaristo

Marcos Carneiro de Mendonça, uma figura expressiva na história do Fluminense, deixou um legado extraordinário que transcendeu os gramados. Sua trajetória excepcional começou aos 19 anos, quando se tornou o primeiro goleiro a defender a Seleção Brasileira em 21 de julho de 1914. Essa conquista inaugurou uma carreira brilhante que o consagrou como titular da equipe por impressionantes nove anos, durante os quais ergueu os troféus dos campeonatos sul-americanos de 1919 e 1922.

Além do talento nos campos, Marcos Carneiro de Mendonça demonstrou sua versatilidade e determinação no mundo dos negócios. Ele desempenhou um papel crucial como empresário à frente da Usina Esperança, também passando pela administração da Usina Queiroz Júnior. Sua visão empreendedora e dedicação marcaram uma carreira empresarial proeminente, que culminou na aquisição da biblioteca e coleção de documentos que pertenceram a D. António de Almeida Soares Portugal, 4.° Conde de Avintes, filho do antecessor.

Após encerrar sua bem-sucedida jornada empresarial, Marcos Carneiro de Mendonça mergulhou no universo da pesquisa e da escrita. Sua transição para essa nova fase da vida foi marcada pela aquisição dos títulos de Conde de Lavradio e, posteriormente, Marquês de Lavradio. Investindo tempo e esforços incansáveis na investigação histórica, preferia se apresentar não como um historiador convencional, mas como um “heurista”.

Enquanto membro ativo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Marcos Carneiro de Mendonça foi um dos fundadores do Centro de Estudos e Pesquisas Históricas (CEPH). Sua fascinante biblioteca, composta por aproximadamente 11 mil volumes, abrigava obras de renomados viajantes como Rugendas, Debret e Maximilian Von Wide, além de uma coleção completa de Brasiliana. Destacava-se também por possuir 7 mil documentos inéditos, adquiridos dos descendentes do Marquês de Lavradio. Esse acervo valioso e diversificado atualmente encontra-se na respeitada Academia Brasileira de Letras.

A vida desse ícone chegou ao fim em 19 de outubro de 1988, quando Marcos Carneiro de Mendonça faleceu devido a um ataque cardíaco. Seus documentos e coleções históricas, no entanto, continuam a influenciar e enriquecer as esferas esportiva, empresarial e acadêmica. Sua dedicação incansável à pesquisa e à preservação da cultura e história do país permanece como um farol, inspirando gerações a valorizar e compreender o passado para construir um futuro mais sólido e consciente.