Cruijff e a Tentativa de Sequestro que o Tirou da Copa do Mundo de 1978

26 de setembro de 2024


Johan Cruijff, um dos maiores ícones do futebol mundial, foi o grande destaque da Copa do Mundo de 1974, representando a respeitável seleção da Holanda. Naquele torneio, Cruijff não apenas demonstrou todo o seu talento e genialidade em campo, como também foi eleito o melhor jogador da competição, consolidando sua posição como um dos principais nomes da história do esporte. Sua liderança e habilidade foram fundamentais para levar a Holanda à final daquele mundial, onde, apesar da derrota para a Alemanha Ocidental, a seleção holandesa ficou marcada pela sua filosofia de jogo inovadora, conhecida como “Futebol Total”, em que todos os jogadores participavam ativamente em todas as fases do jogo, revolucionando a forma como o futebol era jogado.

Após essa brilhante participação, a expectativa era que Cruijff liderasse novamente a seleção holandesa na Copa do Mundo de 1978, realizada na Argentina. Ele tinha 31 anos na época e estava em excelente forma física, jogando em alto nível pelo Barcelona, clube onde se destacou também como um dos maiores jogadores de todos os tempos. No entanto, para a surpresa de muitos, Cruijff decidiu não participar daquele torneio. A ausência de um dos maiores craques do futebol foi amplamente discutida na época, e muitos especulavam sobre os motivos que o levaram a tomar essa decisão. Apenas em 2010, muitos anos depois do ocorrido, Cruijff esclareceu as razões que o levaram a optar por não disputar aquela Copa do Mundo.

Em uma entrevista à Catalunya Ràdio, Cruijff revelou que, em dezembro de 1977, ele e sua família foram vítimas de um violento assalto em sua casa, em Barcelona. Segundo o próprio, vários homens armados invadiram sua residência durante a noite, amarrando ele e sua família. A situação foi ainda mais traumática quando um dos assaltantes colocou um revólver em sua cabeça, ameaçando sua vida e a de seus entes queridos. Apesar do momento de extremo perigo, Cruijff conseguiu se soltar e, com coragem, impediu o sequestro que estava prestes a acontecer. Esse incidente marcou profundamente o jogador e o fez repensar suas prioridades na vida.

Cruijff era casado com Danny Coster e tinha três filhos pequenos, que viviam com ele no apartamento em Barcelona. Após o assalto, a família passou a viver sob constante vigilância. As crianças iam à escola acompanhadas por seguranças, e o próprio Cruijff passou a ser escoltado em suas idas e vindas aos jogos. Para garantir a segurança da família, a polícia chegou a dormir em sua casa por vários meses. Toda essa situação de tensão e medo o fez refletir sobre o que realmente importava em sua vida naquele momento.

Em suas próprias palavras, Cruijff afirmou: “Isso me fez mudar de ponto de vista. Há momentos na vida em que outros valores predominam. Queríamos parar um pouco e ser mais sensatos. Era o momento de colocar o futebol de lado.” Para ele, a segurança e o bem-estar de sua família tornaram-se prioridade, e ele não se sentia em condições de participar de uma Copa do Mundo logo após um trauma tão grande. O episódio fez com que ele repensasse sua carreira no futebol, e, dali em diante, Cruijff nunca mais jogou pela seleção holandesa.

Após esse período, em 1979, Cruijff decidiu se transferir para os Estados Unidos, onde foi jogar pelo Los Angeles Aztecs, dando continuidade à sua carreira de maneira mais discreta e longe dos holofotes da Europa. Embora ele tenha se afastado da seleção, seu legado no futebol permaneceu intacto, tanto por suas contribuições como jogador quanto, posteriormente, como treinador, onde também fez história.

O grande e inesquecível Hendrik Johannes “Johan” Cruijff faleceu em 24 de março de 2016, em Barcelona, na Espanha, vítima de câncer no pulmão. Sua morte foi uma perda irreparável para o mundo do futebol, que perdeu não apenas um dos maiores jogadores de todos os tempos, mas também um verdadeiro visionário do esporte. Cruijff é lembrado por sua inteligência, estilo de jogo único e pela revolução que promoveu no esporte.


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