Luiz Fernando Evaristo

Rynaldo Ciasca, lembrado como o goleiro que entrava em campo ouvindo música clássica, é uma lenda do futebol da Ponte Preta, e continua a ser reverenciado mesmo depois de ter deixado os gramados. Sua habilidade impecável como goleiro, particularmente em defesas de pênaltis, permanece viva na memória dos fãs do esporte. No entanto, foi além de suas proezas esportivas que ele deixou uma marca admirável. Após encerrar sua carreira no futebol, Ciasca direcionou sua energia para o serviço público, estabelecendo um impressionante capítulo na Secretaria Municipal de Cultura antes de se aposentar.

Sua paixão pela cultura e pela música clássica logo se tornou uma parte intrínseca de sua vida pós-futebol. Ele encontrou uma plataforma para compartilhar suas inclinações musicais ao sediar um programa de música clássica na Rádio Brasil. Seu amor pela música clássica se manifestou em sua coleção de gravações, que era verdadeiramente monumental. Com mais de dez mil títulos meticulosamente reunidos ao longo de décadas, seu acervo se tornou um dos mais extensos do Brasil, destacando-se como um tesouro precioso para os amantes da música clássica em todo o país.

Aqueles que o viram em ação nos campos de futebol não conseguiam esquecer sua peculiaridade. Não era apenas sua destreza atlética que impressionava, mas também seu hábito incomum de sintonizar sonatas antes das partidas, utilizando um toca-discos da época. Sua devoção à ópera e à música clássica era uma faceta que o distinguia de outros jogadores contemporâneos.

Após sua partida, a generosidade de sua família em doar seu tesouro musical para o Museu da Imagem do Som em Campinas, São Paulo, permitiu que seu legado fosse preservado de forma significativa. A “Discoteca Rynaldo Ciasca”, uma ala dedicada exclusivamente à sua coleção, foi estabelecida no museu como um tributo duradouro ao seu amor pela música. O acervo, composto por uma impressionante quantidade de 600 CDs, 900 fitas de rolo e 20 mil discos de música clássica, se tornou uma fonte de inspiração para músicos, estudiosos e entusiastas da música clássica que visitam o museu.

Assim, a memória de Rynaldo Ciasca transcendeu os limites do futebol e se imortalizou como um amante apaixonado da música clássica, cujo impacto continua a ressoar em toda a comunidade cultural.