A Maior Zebra das Copas do Mundo

15 de janeiro de 2024


A participação da Inglaterra na sua primeira Copa do Mundo FIFA, em 1950, foi marcada por uma confiança exuberante. A expectativa era que a equipe, liderada pelo talentoso ponta Stanley Matthews, conquistasse o título, marcando o retorno do futebol internacional após o término da Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, os Estados Unidos, em contraste, embarcaram em uma longa jornada de navio até o Brasil, trazendo consigo um grupo de jogadores esperançosos, muitos dos quais se dedicavam ao futebol nas horas vagas, sem grandes expectativas de sucesso.

O fatídico dia 29 de junho de 1950 se tornou um dos momentos mais surpreendentes da história da Copa do Mundo, pois testemunhou uma das maiores surpresas do torneio. Nesse dia, um grupo de desconhecidos, incluindo um estudante haitiano, um lavador de pratos e um motorista de carro fúnebre, aliados à sorte, possibilitaram que Davi derrotasse Golias em uma partida que ficaria para sempre gravada na memória do futebol.

Desde o apito inicial, os americanos foram pressionados pelos ingleses. Aos apenas um minuto e meio de jogo, Roy Bentley obrigou Frank Borghi, curioso goleiro americano que também atuava como motorista de carro fúnebre, a fazer uma defesa espetacular. Apesar da pressão constante, os Estados Unidos resistiram bravamente, e o goleiro Bert Williams manteve-se firme diante das seis chances claras de gol que os ingleses tiveram nos primeiros 12 minutos, incluindo duas bolas na trave.

O momento crucial ocorreu no 37º minuto, quando Walter Bahr, um professor primário de Filadélfia, lançou uma bola aparentemente inalcançável para os atacantes americanos. Surpreendentemente, Joe Gaetjens, nascido no Haiti, estudante de contabilidade e lavador de pratos em um restaurante do Brooklyn, conseguiu cabecear a bola e vencer o perplexo goleiro inglês. Esse gol surpreendente abalou as estruturas do jogo, mudando o rumo da partida a favor dos Estados Unidos.

À medida que a confiança dos americanos crescia, eles conquistavam a simpatia da torcida brasileira, que aplaudia a corajosa apresentação do time. Enquanto isso, a frustração aumentava entre os ingleses, incapazes de reverter a situação. A última chance dos europeus aconteceu a oito minutos do fim, mas Charles Colombo, apelidado de “Luvas”, protagonizou uma entrada mais adequada ao rúgbi do que ao futebol, derrubando Mortensen que se dirigia ao gol.

Quando o árbitro encerrou a partida, os americanos foram carregados nos ombros pelos torcedores brasileiros, celebrando a histórica vitória que ecoaria por muito tempo. Aquele úmido dia de junho testemunhou os Estados Unidos rugirem mais alto, demonstrando que no futebol, assim como na vida, o improvável muitas vezes supera as expectativas, deixando uma marca como a maior zebra da história das Copas do Mundo.


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