A Lenda de Eurico Lara
30 de novembro de 2023
Eurico Lara é um nome que transcende as páginas do futebol brasileiro, tornando-se uma lenda inesquecível que se imortalizou na história da decisão do I Centenário da Revolução Farroupilha, em 1935. Esse evento marcou não só o ápice da sua carreira como também foi o palco derradeiro de sua despedida, culminando no último Gre-Nal que testemunharia, com a vitória marcante do Grêmio por 2×0. No entanto, esse glorioso momento foi obscurecido pela tristeza, pois apenas 40 dias após o jogo, o goleiro Lara, vítima da tuberculose que o afligia, sucumbiu no leito de um hospital.
A trajetória de Lara teve início em Uruguaiana, sua cidade natal no Rio Grande do Sul, onde, enquanto soldado do exército, descobriu sua vocação para o futebol. Seu talento excepcional chamou a atenção e reverberou até alcançar os ouvidos dos dirigentes do Grêmio. Contudo, mesmo diante da oportunidade de se juntar ao clube, Lara relutou em deixar sua amada cidade. Com isso, os dirigentes gremistas engenhosamente articularam sua transferência para o exército na capital gaúcha, abrindo caminho para os próximos 15 anos em que ele honraria as cores do Grêmio.
Sua jornada pelo clube foi marcada por feitos extraordinários, destacando-se em um amistoso contra a Seleção de São Paulo. Nessa partida, Lara exibiu suas habilidades excepcionais, realizando pelo menos 20 defesas impossíveis e defendendo um pênalti do renomado craque brasileiro da época, Friedenreich. Contudo, em 1928, um desentendimento com um dirigente do Grêmio levou Lara a disputar uma partida vestindo a camisa do Porto Alegre, indo de encontro ao seu time de coração. A derrota naquele jogo desgostou profundamente Lara, que retornou ao Grêmio em lágrimas. No entanto, mesmo diante de dissabores, sua dedicação ao clube permaneceu inabalável, resultando em 11 conquistas de campeonatos da cidade e 5 títulos estaduais ao longo de sua carreira.
O ano fatídico de 1935 testemunhou a derradeira aparição de Lara nos campos de futebol. Internado no Hospital da Beneficência Portuguesa em Porto Alegre, Lara protagonizou uma fuga ousada em um domingo, em 22 de setembro, para participar do seu último jogo contra o Internacional. Uma lenda persiste, sugerindo que ele defendeu um pênalti de seu próprio irmão, cujo chute poderoso colidiu com o peito de Lara, derrubando-o enquanto ele segurava a bola firmemente, jamais se levantando novamente. No entanto, a realidade triste prevaleceu, pois Lara retornou ao hospital, onde veio a falecer.
A comovente partida final de Eurico Lara ecoou através das palavras do hino do Grêmio: “Lara, o craque imortal, soube seu nome elevar, hoje com o mesmo ideal, nós saberemos te honrar”. A memória desse ícone do futebol permanece viva, imortalizada não apenas nos feitos excepcionais em campo, mas também na devoção e na paixão que ele nutria pelo esporte e pelo seu clube. Eurico Lara sempre será uma figura eterna no panteão do futebol gaúcho, seu legado reverberando através das gerações, inspirando a devoção e o respeito de todos aqueles que têm o privilégio de conhecer sua história.
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