Luiz Fernando Evaristo

Na última Copa antes da Segunda Guerra Mundial, o Brasil escreveu um capítulo marcante em sua história futebolística, alcançando um desempenho surpreendente que ecoaria nas décadas seguintes. Foi uma época de transformações, tanto no cenário esportivo quanto no contexto global, marcado pela tensão que precedeu o conflito mundial. Nesse contexto de desafios e superações, a seleção brasileira se destacou, mostrando ao mundo um futebol habilidoso e competitivo.

O torneio em questão foi particularmente significativo, pois contou com a participação de apenas três seleções de fora da Europa: Cuba, Índias Holandesas e Brasil. Esse fato realça a importância que o futebol europeu ganhava naquele período e a excepcionalidade da presença das seleções sul-americanas. Para o Brasil, era um momento de afirmação e também de representação, em meio a uma competição que capturava a atenção do mundo todo.

O ambiente em que a competição ocorreu também merece nota. Foi a era dourada do rádio, um meio de comunicação que desempenhou um papel crucial na disseminação e na emoção do futebol. As transmissões dos jogos do torneio na França levaram a empolgação dos brasileiros para além das fronteiras, conectando o país à atmosfera vibrante da Copa do Mundo.

A jornada da seleção brasileira foi marcada por desafios e momentos épicos. Mais organizado e sem desfalques por brigas bairristas entre paulistas e cariocas, na estreia, o Brasil enfrentou a Polônia em um jogo emocionante, decidido na prorrogação com uma vitória por 6 a 5. Destacou-se nesse confronto o duelo entre Leônidas e o atacante polonês Wilimowski, que protagonizaram uma disputa intensa e recheada de gols.

Nas quartas de final, o Brasil enfrentou a forte seleção da Tchecoslováquia, em uma batalha que exigiu 210 minutos de jogo para ser decidida. O talento de jogadores como Oldrich Nejedly e a habilidade do goleiro Planicka foram obstáculos que o Brasil superou com determinação e garra, garantindo sua vaga nas semifinais.

Contudo, foi na semifinal contra a Itália que o Brasil enfrentou sua maior prova. O feriado de Corpus Christi proporcionou uma audiência massiva para o jogo, mas a decisão controversa do técnico Ademar Pimenta de deixar Leônidas no banco de reservas gerou debates e questionamentos. Mesmo com um gol de Romeu no final, o Brasil não conseguiu reverter a vantagem italiana, perdendo por 2 a 1.

Ainda assim, a seleção brasileira teve a oportunidade de encerrar sua participação de forma honrosa na disputa pelo terceiro lugar contra a Suécia. Com Leônidas em campo, o Brasil conquistou uma vitória convincente por 4 a 2, consolidando seu status como uma das potências emergentes do futebol mundial naquela época.

Em resumo, a Copa do Mundo pré-Segunda Guerra Mundial foi um marco na história do futebol brasileiro, destacando a ascensão da seleção em meio a um cenário desafiador e competitivo. Essa campanha histórica serviu de base e inspiração para as gerações futuras, moldando a trajetória vitoriosa do futebol brasileiro nos anos que se seguiram.