O Brasil na Copa de 1934

20 de fevereiro de 2024


Na Copa de 1930, o Brasil testemunhou as consequências das disputas entre os dirigentes das entidades futebolísticas amadora e profissional, um cenário que se repetiu em 1934, afetando novamente a seleção brasileira. Nesse contexto, alguns jogadores do Palestra Italia, como Romeu, Lara, Gabardo, Junqueira e Tunga, enfrentaram uma situação peculiar: foram escondidos numa fazenda em Matão, no interior de São Paulo, com o intuito de evitar suas convocações pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A fazenda foi cercada de guardas armados, criando um clima de clandestinidade e suspense. Porém, devido ao ambiente sombrio e desconfortável, que chegou a assustar os próprios jogadores, um diretor do Palestra Itália decidiu transferi-los para sua casa de praia, buscando garantir um ambiente mais ameno para os atletas.

Apesar da maioria dos jogadores ser amadora, foi estabelecido um acordo para oferecer uma gratificação por vitória e uma diária para os gastos durante a competição. A viagem rumo ao torneio ocorreu em um barco a vapor, uma jornada que se estendeu por quinze dias. Durante esse período, muitos jogadores acabaram ganhando peso devido à limitação de espaço e à falta de oportunidade para manter uma rotina adequada de exercícios físicos. Essa condição prejudicou a forma física de alguns membros da equipe, afetando o desempenho geral do time.

O técnico Luis Vinhaes foi encarregado de selecionar os jogadores que representariam o Brasil na competição. A lista incluía os goleiros Germano (Flamengo) e Pedrosa (Botafogo); os zagueiros Luiz Luz (Americano), Octacílio (Botafogo) e Sylvio (São Paulo da Floresta); os meio-campistas Ariel (Botafogo), Canalli (Botafogo), Martim Silveira (Botafogo), Tinoco (Vasco da Gama) e Wálter (Botafogo); além dos atacantes Armandinho (São Paulo da Floresta), Átila (Botafogo), Carvalho Leite (Botafogo), Leônidas da Silva (Vasco da Gama), Luisinho (São Paulo da Floresta), Patesko (Nacional, de Montevidéu) e Waldemar de Brito (São Paulo da Floresta).

A seleção desses jogadores refletia uma mistura de talentos de diferentes clubes brasileiros, evidenciando a diversidade e a riqueza do futebol nacional na época. No entanto, as circunstâncias adversas que cercaram a preparação para o torneio, incluindo as disputas entre dirigentes e as dificuldades logísticas durante a viagem, lançaram desafios significativos sobre a equipe brasileira. A falta de tempo adequado para treinamento físico e tático também se mostrou uma barreira importante para o sucesso no torneio.

Apesar dos obstáculos enfrentados, a participação do Brasil na Copa do Mundo de 1934 foi importante para história do futebol nacional, contribuindo para a consolidação e o reconhecimento do país como uma nação promissora nesse esporte. Mesmo diante das adversidades, os jogadores brasileiros demonstraram talento, determinação e paixão pelo jogo, mesmo tendo alcançado apenas a 14ª posição na classificação geral.


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