Luiz Fernando Evaristo

Victor Ferreira do Amaral, um nome que ecoa através das décadas no Paraná, foi um homem valoroso da história do estado do Paraná. Nascido em 9 de dezembro de 1862, na cidade histórica da Lapa, ele não apenas testemunhou a transformação de um estado, mas moldou ativamente sua evolução através de diversas esferas de influência. Médico, professor, político, sua vida foi um mosaico de realizações que marcaram profundamente a história da região sul do Brasil.

Sua jornada começou como um acadêmico dedicado, mas logo se expandiu para além das salas de aula. A trajetória de Victor Ferreira do Amaral se entrelaçou com os pilares fundamentais da sociedade paranaense do século XIX e início do século XX. Suas contribuições ressoam em diversas áreas, seja na política, na educação, na saúde ou no esporte.

Além de ocupar cargos políticos de destaque, como deputado estadual e federal, e ter sido vice-presidente do Estado entre 1900 e 1904, Amaral foi um dos visionários por trás da fundação da Universidade Federal do Paraná, assumindo o papel inaugural de reitor em 1912. Sua visão educacional extrapolava os limites convencionais, buscando sempre a promoção do conhecimento em sua totalidade.

Entretanto, sua influência não se restringiu ao campo acadêmico e político. Amaral foi um agente catalisador na introdução do futebol na região. Em 1903, ao retornar de uma viagem ao Rio de Janeiro, trouxe consigo a primeira bola de futebol para o Paraná, um marco histórico que iniciou os primeiros movimentos desse esporte tão amado no Brasil. Era uma bola nº 5 que, com um gesto simples, mas simbolicamente poderoso, foi presenteada aos seus alunos do Ginásio Paranaense também com um manual de futebol, plantando as sementes do que viria a ser uma paixão nacional.

Sua atuação abrangente não se limitou apenas à educação e ao esporte. Victor Ferreira do Amaral foi célebre na esfera da saúde pública. Fundador da primeira maternidade do estado, a Maternidade Paraná, em 1913, ele demonstrou seu comprometimento com o bem-estar da população. Sua obra – a Maternidade que leva seu nome – perdura até os dias atuais após uma reforma e nova edificação em 1930.

A amplitude de seus feitos se estendeu também para o jornalismo e para a defesa de questões territoriais. Como redator-chefe e cofundador do Diário do Paraná e da Gazeta Médica, ele usou sua voz para disseminar conhecimento e defender questões de fronteira com Santa Catarina, demonstrando seu compromisso com o desenvolvimento da região.

A vida de Victor Ferreira do Amaral culminou em seu falecimento, aos notáveis 90 anos e 1 mês, em 2 de fevereiro de 1953, em Curitiba. Suas realizações, entretanto, permanecem imortalizadas não apenas na história escrita, mas nos corações e mentes daqueles que as testemunharam. O laudo do colega que presenciou seu último suspiro ecoou a grandiosidade de sua vida: “Morreu de tanto viver. Uma trajetória intensa e plena. A lamparina do candeeiro já estava terminando”.