Luiz Fernando Evaristo

A história do clássico paranaense entre Coritiba e Atlético, no emblemático dia 19 de outubro de 1941, foi marcada não apenas pelo jogo intenso e a rivalidade acalorada entre os times, mas também por um incidente que mais tarde se tornaria uma parte imortal da cultura do futebol na região. O zagueiro do Coritiba naquela ocasião era o notável Breyer, um homem cuja jornada na vida e no esporte transcendeu as fronteiras geográficas e culturais.

Breyer, cuja infância foi pontuada por uma mudança significativa de seu país natal, a Alemanha, para o Brasil, enfrentou inúmeras adaptações e desafios ao longo de sua vida. No dia daquele confronto particularmente fervoroso, um torcedor do Atlético, buscando provocar Breyer, usou sua cor como alvo de deboche, gritando em alto e bom som: “olha o coxa branca”. Embora o zagueiro tenha se sentido inicialmente ofendido por esse gesto de menosprezo, ele encontrou forças para transformar esse incidente em motivação durante o jogo.

Em vez de se deixar abalar pelas palavras depreciativas, Breyer canalizou sua energia para o campo, demonstrando uma performance excepcional que o consagrou como o destaque da partida. Sua contribuição foi fundamental para a vitória do Coritiba sobre o Atlético, que resultou na conquista do título do campeonato paranaense daquele ano. Esse triunfo não apenas solidificou a reputação do Coritiba, mas também adicionou uma nova camada de significado à alcunha “coxa branca”, transformando-a em um símbolo de orgulho e resiliência para os torcedores do clube.

O incidente que começou como um ato de desdém por parte de um torcedor adversário acabou se transformando em uma narrativa inspiradora de triunfo. A vida de Breyer foi uma impressionante jornada de determinação e superação, não apenas no campo de futebol, mas também em sua vida pessoal. Seu falecimento em 21 de março de 2001 marcou o fim de uma era no futebol paranaense, porém sua contribuição para um dos maiores times do estado permanecerá viva.